domingo, 4 de novembro de 2012

TPM de Oliveira

Eyeshadowfun
Foto: Tina (griffsnuff) - Norway


TPM de Oliveira
Gilberto Strapazon
04/11/2012



Azeite de oliva. Lubrifica e tem aquele sabor de azeitonas da Grécia.

Ela sabe que eu gosto disto.

Hércules correndo pelos campos, sendo desafiado pelos deuses.

Droga de travesseiro. Tento me acomodar nesta porcaria de cama e parece que nada ajuda.

Mas o cheiro dela ainda está nos lençóis. Mistura de delícia e farra.

Está amanhecendo e vou ter que botar o colchão no sol.

Foi sensacional o banho de champagne, mas seria mais prático se fosse na banheira.

Mas valeu cada instante. Quer dizer, se ela não estivesse de novo daquele jeito.

Odeio ela quando faz isto.

Deve ser psicopata. Deve me enganar de uma maneira que nem o próprio Papa desconfiaria.

Quer dizer, ele deve acreditar até em Papai Noel. Ele é o Papa né? Quanto mais acreditar nesta doida.

Putz! Esta porcaria de azeite tava quente demais!

Arde um pouco. Saco! Meu saco!

Pensando bem: que merda! Eu me sinto um michê de merda quando ela faz isso.

Está bem, está bem, eu sei que faço de tudo com ela, mas não é a mesma coisa, eu não deixo marcas, droga!

Tudo bem que ela é legal, sempre me dá uns presentinhos e o cartão de crédito ela sempre segura na boa.

Legal mesmo. Já fiz um monte de coisa e ela nem questionou pra que foi.

E não abusei também. Se vamos fazer juntos, é juntos e nunca fui de me passar em excessos. Nem pedi para fazer uma plástica no meu rosto por causa das queimaduras. Ela me ama assim mesmo, somos parte um do outro, nossa própria obra de arte.

Claro que é legal ter as coisas, usar o dinheiro. Mas desperdício é bobagem. E as coisas maiores sempre deixei para ela mesmo oferecer. A reforma do apartamento foi legal, mas ela mesmo queria colocar aqueles acessórios medievais na nossa “sala de diversão”. E aquele “painel de olhos” ficou legal. Isso eu reconheço, ela tem uma queda por azeite quente e não queimou nenhum dos olhos do painel. Obra de arte mesmo. Só programadores de sistemas integrados. Uau! Quem inventou a computação nem devia imaginar essa visão. Cada olhar daqueles fixado para sempre com uma última tela gráfica na retina.

Dou e recebo, compartilhamos juntos.

Tanta bronca dela que já segurei na boa. Nem faço idéia se existe alguma contabilidade para isto. Só sei que a cada ciclo da Lua vem aquele estouro. É bater ou relaxar. As vezes esqueço do calendário e sobra pra mim.

Ah, a contabilidade... aquela surra que ela deu na mulher daquele escritório porque tentou se passar comigo... Nossa! Tudo por causa de um erro na planilha de cálculo que ela pediu para ajudar na casa dela. 

Três meses com o maxilar fraturado foi especial mesmo. Que belo pontapé! Até fiquei com pena da menina, ou mulher. Depois filmamos umas cenas tórridas com ela na enfermaria e a sujeita topou tudo. Ou seria medo por causa da pinça puxando os pontos recém feitos? Sei lá, ela nem gritou. Acho que se não tivesse gostado teria gritado muito ao invés de gemer. Está certo que nem conseguia falar, mas do jeito que respirava gozou muito.

Aí eu me distraio e ela sempre me pega desprevenido. De novo! Já falei que essa porcaria de azeite quente machuca!

Desconta naquele programador idiota então! O cara não aprende mesmo como lançar as variáveis do cálculo no computador.

E a Lua está quase cheia, de novo. Desta vez estou prevenido. O chicote está pronto e o serviço na empresa está saturado por causa de uns babacas.

E olha, aquela magrela tonta que projeta sistemas está toda docinha comigo.

A doida já viu e vem vindo. A Lua está cheia. Vou segurar a mão dela no meu rosto, o braço é fino, os ossos delicados.

Lá vem ela com a TPM toda levantando a cadeira pronta para arremessar. Dou meio passo para trás e seguro o braço da tonta que fica bem espichado, a pele branca, o decote sensacional.

O som do antebraço quebrando enche o ar... ainda bem que sempre tenho minha câmera comigo. Ela vai ficar linda quando receber o banho de azeite de oliva na enfermaria...


.'.


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