domingo, 7 de julho de 2013

O Primeiro e o Último





Em uma noite fria, o ar gelado acariciava sua pele insensível.
– Quanto tempo se passou? De onde eu vim? Por que estou aqui?
            Ironicamente, após tanto tempo ele era assolado pelas mesmas angústias dos homens.
            – Eu estou sozinho, meus semelhantes a muito não existem mais. Meu passado agora é turvo em minha mente. Por que não consigo lembrar-me? Qual meu nome? Eu tenho um nome?
            Do alto ele observava os homens. Tão concentrados tão certos do que vão fazer o tempo todo. No entanto, tão cheios de medos e angústias.
– Então essa é a partícula mais especial da criação? Não consigo ver o que eles têm de tão especial. Vagando, se reproduzindo e morrendo em instantes, nada diferentes de insetos.
            Incessantemente, sua mente era invadida por vozes, elas vinham de todos os lados, trazendo dor e sofrimento. Lamentações, súplicas, pedidos e até mesmo alguns agradecimentos.
            – O que é isso? De onde isso vem? O que querem de mim? Parem! Não sei quem vocês são! O que? Essas vozes estão vindo lá de baixo? Por que? Como? Por que imploram para mim? Deveria eu saber o que fazer?  
            – Chega!!!
            As vozes se calaram. – Finalmente silêncio. – ele pensa.
            De súbito, ele se lembrou, lembrou quem ele era. Ele é aquele que estava lá antes do próprio tempo e estará lá depois. Ele é a origem, ele é o final.
            Eu sou a origem e eu sou o destino, eu sou o propósito maior. Eu sou a resposta. Eu sou o Nada.  


           Escrito por João Paulo de Borba Quadros (07/07/2013).

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