sábado, 22 de outubro de 2011

A Folga


A Folga
Márcio Chacon

Homens bons vão para o céu. Homens maus vão para qualquer lugar...

Não devia estar aqui. Não devia ter atendido o telefone. Hoje era minha folga e que culpa eu tenho se o imbecil do Bruno arrebentou a perna jogando bola? Eu devia era ter ficado na cama deitado com ela. Espero que ela entenda, espero que leia o bilhete em cima da mesa. Atendi porque foi Felipe quem me ligou e pediu que viesse. E se ele me chamou sei que deu alguma merda. Quando me apresentei não me esclareceram direito do que se tratava... Basicamente era uma operação padrão de prender um suspeito de homicídio que estaria escondido na Vila Mariana.

Droga... Estou nervoso e a medida que o tempo passa dentro do camburão o nervosismo só aumenta. Alguém chama pelo rádio e Felipe atende. Não consigo ouvir a conversa, mas é curta. Ao todo são seis homens dentro do camburão. Além de Felipe e eu... Marlo, Garcia, Guilherme e o borrado do Maurício. Difícil de acreditar que ele está junto com a gente. Na verdade Maurício é o maior e mais forte do grupo, mas também o maior covarde. Desde que entrou para essa vida nunca trocou tiro com bandido. É sempre o último a entrar e o primeiro a sair... Para piorar começou a ser zoado por causa do surgimento de uma barriga. Tirando ele, todos os demais são experientes nesse tipo de operação. Na verdade Felipe reuniu o melhor ou o pior da unidade. Todos aqui são conhecidos como matadores de bandidos... O que é verdade. O problema é o exagero que usam para nos definir. Já troquei tiro e já matei muito bandido sim...e nunca me arrependi. Se eles forem homens bons... Talvez sejam perdoados. Isso vai depender da conversa deles com Deus. Eu apenas marco o encontro.

Maurício confere a arma pela terceira vez... Guilherme dá um sorriso como deboche. A fama do grupo cresceu muita por causa dele. Guilherme talvez seja o maior matador de bandido em atividade... Um verdadeiro executor. Já foi baleado duas vezes e continua com a gente. Dizem que fez um pacto com as trevas e agora é imortal. Só vai morrer quando atingirem a sua cabeça. Particularmente odeio essas histórias que criam em cima da gente...mas Guilherme assusta qualquer um... E ele sabe disso.

Garcia permanece o tempo todo de olhos fechados como se estivesse meditando. Marlo está sério. Eu e ele começamos juntos. Ficamos muito amigos, mas desde que surgiu a famosa lista negra ele mudou um pouco. Dias atrás circulou uma lista na imprensa de policiais corruptos e meu nome estava nela. Ainda não me corrompi e sei que meu nome apareceu por vingança. Desde então não consegui conversar direito e explicar tudo pra ele.

De longe já se enxerga a entrada da vila. Outra viatura nos espera. Paramos ao lado dela. Todos desembarcamos e Felipe vai a direção da viatura. O vidro do banco de trás abre e então um rosto bem conhecido inicia um diálogo com Felipe. Marlo parece perceber que estou sabendo poucos detalhes da história:

- O que te contaram?

- Pouca coisa. Um suspeito de homicídio foi localizado aqui e então me ligaram.

- Não houve homicídio.

- Como assim?

- Pelo que sei foi uma tentativa de assalto. Um marginal tentou assaltar o filho do nosso antigo comandante. Tentou levar a moto dele, o garoto reagiu e levou um tiro na perna, mas passa bem.

- E o nosso antigo comandante está naquele carro conversando com o Felipe? Planejando alguma vingança?

- Possivelmente.

- Ele não está apoiando um forte candidato para a prefeitura?

- Parece que sim.

- Imagina a merda que isso vai dar se vazar.

Garcia se aproxima e então pergunta:

- O que pretende fazer?

- Vou entrar lá, prender o cara e trazer ele pra cá. Da maneira mais calma possível e sem troca de tiro. Espero que Felipe tenha a mesma idéia.

Guilherme passa por nós com cara de deboche. Felipe também aparece para dar as primeiras instruções:

- Nós vamos entrar, capturar o suspeito e trazê-lo aqui pra baixo. Depois vocês estão liberados.

- Como assim liberados?

- Escuta... Não complica agora. Tenta fazer o que sempre fez. Parece que aquela maldita lista te abalou de vez.

- Felipe... Sinceramente o que vai acontecer depois? O comandante terá uma tão sonhada vingança?

Guilherme então ataca:

- Não contraria as ordens seu bosta.

Explodo por dentro de raiva e então Felipe me puxa:

- Segue o Guilherme e o Garcia. O restante do grupo estará logo atrás.

Seguro a raiva e então vou atrás dos dois que já estão no portão de entrada. Estou nervoso demais e para piorar os corredores são estreitos. Se aparecer um maluco atirando com certeza acerta alguém.

Guilherme sobe acelerado e toma certa distância. Passo por Garcia e faço sinal para ele maneirar. Não adianta... Ele continua avançando. Está escuro demais e quase não se enxerga os degraus.

Guilherme faz um sinal. Parece ter avistado o barraco onde o suspeito estaria escondido. Alcanço Guilherme e em seguida aparece Felipe. Ele faz um sinal e Guilherme entra. Vou logo atrás. Está uma escuridão total e Guilherme logo desaparece. Continuo nervoso. Na verdade... Desde que a conheci comecei a ficar com medo da morte. Desde o nosso primeiro encontro, do nosso primeiro café... Tudo mudou. Queria estar abraçado com ela agora, mas estou aqui... Numa escuridão que assombra. Avanço pela sala e uma pequena luz se acende. Entro e encontro Guilherme e um garoto sentado na cama... Parece que estava dormindo. Deve ter uns 12 ou 13 anos no máximo.

- Guilherme... Não é ele. Vamos voltar e avisar o Felipe que a informação era falsa.

- Espera. Vamos conversar um pouco com o moleque. Talvez ele saiba de alguma coisa.

- Eu não sei de nada não.

Guilherme guarda a arma e tira uma faca da cintura... Então volta a encarar o garoto.

- Como se chama moleque?

- Pedro.

- Pedro? Nome bonito... Nome bíblico. Acredita em Deus, Pedro?

- Sim.

O garoto treme. A presença de Guilherme é aterrorizante.

- Pedro... Escuta uma coisa. Deus está muito longe agora... E fica difícil Dele tentar te ajudar. Então eu pediria que contasse tudo que sabe... Porque senão eu vou te machucar, vou te machucar bastante.

- Eu não sei de nada não.

Guilherme não espera outra resposta e esmurra o rosto do garoto que deita na cama. Ele força o garoto aterrorizado a se sentar e põe a lâmina da faca em seu rosto:

- Pedro... O mundo é um lugar bom. O problema é que existem pessoas muito, muito malvadas. E eu sou a pior delas. Então pode me dizer onde o merda está?

O garoto entra em pânico, chora, treme assustado, mas não diz nada. Guilherme não espera muito tempo então faz um corte fundo no rosto do garoto, que grita e chora provocado pela imensa dor.

- Guilherme... O que diabos está fazendo?

- Não se mete nisso. Chama o Felipe. O moleque vai contar tudo.

Saio da sala meio sem reação. Preciso passar pela escuridão de novo e encontrar Felipe. Avisá-lo que Guilherme surtou. Ao cruzar pela sala tropeço em algo e caio. Ao levantar-me vejo Felipe na minha frente. Parecendo que estivesse ali o tempo todo. Acompanhando tudo escondido na escuridão. Volto com ele até o quartinho. O garoto está com o rosto completamente pintado de sangue. Guilherme me ignora e fala com Felipe:

- O moleque disse que ele foi encontrar um tal de Branco.

- Onde podemos achar esse Branco?

- Subindo três escadarias, o primeiro barraco à direita. Tem uma bandeira grande do Inter na janela.

Preciso fazer algo, dizer algo:

- Felipe... Vou descer com garoto e levá-lo a um hospital.

- Não precisa nada disso. Eu cuido do garoto aqui.

Felipe percebe que me irritei com as palavras de Guilherme então evita uma discussão:

- Todos vamos subir... Inclusive o garoto. Vou pedir para o Garcia improvisar algo no rosto dele.

Logo que saímos do barraco alguém chama Felipe pelo celular. Sei que a notícia não é boa. Felipe desliga o celular e vai direto ao assunto:

- Parece que algum morador avisou uma emissora de televisão. O comandante está indo embora. Vamos terminar essa merda logo e ir embora também.

Todos escutamos em silêncio e continuamos a subir pela vila. Está escuro demais e estão todos tensos... Com exceção de Guilherme, que parece estar gostando do momento.

Em questão de minutos avistamos o barraco. Felipe olha pra mim como se tentasse dizer que agora não será a minha vez. Ele manda Marlo e Garcia entrarem. Ficamos no lado de fora... Felipe, Guilherme, Maurício, o garoto e eu. Guilherme não tira os olhos do garoto... Realmente não vai querer descer com ele vivo da vila. Para piorar Felipe está ignorando toda essa insanidade de Guilherme e parece concordar que o garoto não pode sair vivo dali. A reputação e a integridade do batalhão estariam arruinadas só de se ficar sabendo que um de nós torturou um menor covardemente. O grande problema ali sou eu. Entre dois homens e um garoto com o rosto cortado está outro homem que não quer matar ninguém essa noite. Quer apenas voltar pra casa e ver o rosto de sua amada novamente.

Deus... Como o tempo demora quando a morte passa a nos rondar. A questão para Guilherme é simples. Ele atiraria em mim e depois no garoto. O meu caso é mais complicado. Preciso ser mais rápido, atirar primeiro nele e depois em Felipe, que com certeza vai atirar em mim. Não posso contar com a ajuda de Maurício. Ele está mais borrado que o garoto. Ficamos todos em silêncio, de armas na mão... Apenas esperando uma mínima reação de alguém. Então Garcia aparece:

- Achamos o cara. O Marlo já o algemou.

Felipe e Garcia entram no barraco. Guilherme me olha com mais um sorriso debochado, volta a encarar o garoto e entra também no barraco. Entro logo em seguida. Maurício fica do lado de fora com o garoto.

Pelo menos há luz nesse barraco. Felipe liga para alguém do seu celular. Mais adiante está Marlo com o sujeito algemado e de joelhos. Felipe mal conversa e desliga o celular. Imediatamente chama o Maurício. Guilherme guarda a arma e pega a faca de novo.

Maldita ligação telefônica, maldita pessoa que colocou Felipe no comando.

Maurício passa por todos suando como um porco e vai até ele. Felipe o encara então fala algo que jamais conseguirei apagar de minha mente. Uma frase curta, mas de um impacto cruelmente insano:

- Atira nele!

Maurício fica sem reação diante de tal ordem:

- O quê?

- Pega a tua arma e atira nele!

Maurício treme, aponta a arma em direção ao suspeito, mas não consegue. Se ajoelha e chora como uma criança. Preciso fazer algo:

- Felipe... Um tiro agora pode provocar uma reação enorme. Estamos dentro do verdadeiro inferno.

- Não precisamos atirar nele. Se quiser eu corto o maldito e depois termino de cortar o garoto.

Felipe pega a arma de Maurício e manda Guilherme se controlar. Em seguida olha pra mim e diz:

- Foda-se.

Então ele dá três tiros no homem algemado pelas costas.

- Entendeu agora Maurício? O que tem que fazer? Seu bosta. Ajuda o Garcia a carregar o corpo agora.

Minha preocupação depois daquela execução era a conseqüência. Tenho certeza que mexemos num vespeiro.

- Felipe... Acho melhor alguém ir lá fora dar uma olhada e depois todos sairmos daqui rapidamente.

- Eu faço isso, mas primeiro vou terminar de cortar o garoto.

Aponto minha arma em direção a Guilherme:

- Acabou velho. Larga a faca.

Guilherme não larga e continua em direção ao garoto.

- Felipe... Eu vou atirar nele!

- Ninguém vai atirar em ninguém aqui.

As palavras de Felipe vieram como uma espécie de maldição. Do lado de fora escuto quatro disparos. Guilherme e Marlo são atingidos. Garcia e eu vamos para as janelas, mas não avistamos ninguém. Marlo se levanta, a bala parece ter atingido o colete. Guilherme continua deitado numa poça de sangue. Garcia então grita para Felipe:

- Acho que é apenas um atirador.

- Então vai checar com o Marlo!

Seguro Garcia e peço para ir em seu lugar. Olho para o Marlo e então corremos cada um para um lado. O sorteado sou eu. Levo dois tiros no peito tão fortes que parecem ter rasgado o colete. Tento seguir em frente e levo outro tiro na altura do ombro... Mais doloroso que os anteriores e então caio. Marlo se esconde atrás de um casebre e grita algo. Não consigo entender... A dor é grande demais, estou tenso e não sei se o colete agüentou. Tento mesmo deitado localizar a origem dos disparos. Espero um, dois e no terceiro tiro localizo o atirador em cima de um telhado de outro casebre. Preciso avisar o Marlo, mas como? Então alguém começa a trocar tiros com o atirador localizado. Para minha surpresa é Guilherme que passa por mim caminhando completamente ensangüentado e atira contra o bandido. Ele dá três disparos... Dois são certeiros e matam o atirador. Em seguida recarrega a arma e se vira pra mim. Não sei se com a intenção de me ajudar ou me executar. Jamais ficarei sabendo, pois outro disparo vindo do outro lado atinge seu rosto fazendo cair ao meu lado. Guilherme está morto agora. A imortalidade não passou de uma história para assustar bandido. Marlo e Garcia localizam o segundo atirador e disparam contra ele. Aproveito o momento e me levanto e me escondo atrás de um muro. Esse segundo atirador está duas casas adiante. Se agüentar a dor e passar pelo muro terei alguma chance. Descanso um pouco durante o intervalo do tiroteio e quando ele reinicia pulo o muro e corro para trás dos casebres. A questão agora é localizar o casebre certo. Minha tarefa fica facilitada pelos disparos. Avanço duas casas e entro na terceira. Devagar e silenciosamente. A televisão está ligada e não há ninguém. Mas escuto alguém em cima do telhado. Não consigo pensar em algo inteligente e então descarrego minha arma no telhado mesmo. Alguém cai. Saio do casebre e vou para os fundos e vejo um homem de cabelos grisalhos gravemente ferido... Possivelmente o Branco. Chego ao lado dele e percebo que ele não vai resistir muito. Não vejo motivo em dizer algo naquele momento. Aponto minha arma e dou mais um tiro nele. E espero que seja o último nessa noite.

Volto para dentro do casebre. Preciso de um espelho. Preciso ter certeza que nenhuma bala passou pelo colete. Escuto a voz de Felipe do lado de fora... Ignoro. Vou até uma peça funcionando como um banheiro improvisado e acho um espelho. Examino o colete detalhadamente e conto três cápsulas alojadas nele. Essa noite eu escapei. Preciso voltar pra casa.

Saio do barraco e vejo Felipe recebendo o reforço... Na verdade mais um pequeno grupo com quatro homens. Felipe então me pergunta:

- Matou o outro atirador?

- Sim.

- Chamei um pessoal que estava por perto.

Estou nervoso demais com ele. Minutos atrás quase atiramos um no outro e agora conversamos normalmente.

- Por que só agora pediu ajuda? O que te prometeram? O que o comandante disse no celular?

- Todos do nosso grupo sairão da lista negra.

- Do nosso grupo tem apenas o meu nome na lista. Não vai me dizer que fez tudo isso para me ajudar? O que te prometeram?

Felipe me encara e então responde:

- Serei promovido. E não vou mais precisar caçar bandido em vilas sombrias. Nunca mais.

- Espero não trabalhar mais contigo.

Felipe sorri, me dá as costas e responde:

- Não vai.

Observo Garcia e Maurício descendo com o corpo de Guilherme. Marlo está com o garoto. Apresso o ritmo e alcanço os dois. Preciso conversar com ele:

- Como está?

- Aquele tiro que levei raspou no meu ombro. Vou ter que levar uns pontos... Nada demais. Assim como o garoto também vai precisar.

Estamos quase na saída da vila quando Felipe avisa para ninguém dizer nada caso alguma emissora esteja esperando. Quando saímos tem um carro de reportagem e uma ambulância a nossa espera. Felipe vai de encontro ao carro de reportagem e eu sigo Marlo e Pedro até a ambulância. O garoto parece mais calmo e então digo algo que nunca pensei em dizer a alguém:

- Pedro... Não vai precisar se vingar. O homem que te cortou está morto.

Um enfermeiro deita o garoto na maca impedindo que ele me desse uma resposta. Precisava de uma resposta... Para terminar tudo isso e voltar pra casa.

Marlo volta e me olhar como olhava antes e então diz o que precisava ser dito naquele momento:

- Somos homens maus.

- Talvez. Mas ainda não me corrompi.

- Eu sei.

As palavras de Marlo vieram como uma espécie de cura para minha dor interna. A ambulância é fechada e logo deixa a vila. Felipe entra na viatura do grupo que veio como reforço. Não sei o que vai aparecer no relatório amanhã. Não quero pensar nisso agora. Garcia me chama para irmos logo embora.

Antes de entrar, percebo uma repórter se aproximar e iniciar um ataque:

- Boa noite.

- Boa noite.

- Pode me dizer o seu nome?

- Ângelo.

- Ângelo... Poderia me dizer o que aconteceu exatamente aqui?

- Acho que meu superior explicou claramente para vocês. Perseguimos um suspeito até aqui, houve troca de tiros, três suspeitos e um colega nosso foram mortos. Em compensação conseguimos salvar um menor.

- Ângelo... Há alguma ligação envolvendo um famoso e antigo comandante de vocês nessa operação? Isso poderia abalar o resultado das eleições.

- Desculpa, mas em qual programa isso será transmitido?

- Meu nome é Marta e trabalho para um famoso canal de reportagem.

- Não tenho tido muito tempo para televisão.

- Queria avisá-lo que estamos ao vivo e os telespectadores estão assistindo esse deboche de casa.

- Está ao vivo?

- Sim.

- Bom... Então vai à merda e não me incomoda mais. Acho que o pessoal em casa vai gostar disso.

Deixo aquela mulher sem graça diante da câmera e entro no camburão. Maurício dá a partida e então vamos embora. Vou à frente com ele. Garcia vai sentado atrás e volta a fechar os olhos. Agora eu sei que ele está rezando.

Durante o caminho, peço para Maurício me deixar num ponto de táxi. Ele pára e então me despeço dele e de Garcia. Entro no primeiro táxi que enxergo e pego o caminho de casa.

O táxi me deixa em frente ao prédio. Há um silêncio na rua. Entro no prédio e subo as escadas apressadamente. Abro a porta do apartamento e vou até o quarto. Ela está deitada virada de costas pra mim. Vou até a cozinha e vejo o bilhete meio amassado... Conseqüentemente foi lido. Tiro o colete devagar, o peito continua dolorido. Amanhã de manhã vou visitar o garoto no hospital e já posso aproveitar e fazer um exame mais detalhado.

Tomo um banho frio, rápido e volto para o quarto. Ela não se mexe e não diz nada. Lá fora um carro começa a fazer um barulho enorme. Deito ao seu lado sem dizer nada. Talvez devesse conversar com ela... Mas estou cansado. Ela então se vira pra mim e me abraça. Fico com vontade de chorar e contar tudo... Mas estou realmente cansado. Aos poucos o carro vai tomando distância, o barulho vai diminuindo e o sono vai chegando. Então durmo.

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