quinta-feira, 23 de junho de 2016

Paixão de Elevador



A bela e jovem loira mal me vê quando entra no elevador conferindo seu celular. Chega a se assustar quando percebe minha presença ao seu lado. Sorrio para tentar eliminar seu embaraço. Ela devolve um sorriso forçado... Mentalmente deve acreditar que todo homem com mais de 40 anos e cabelos grisalhos é capaz de atacar mulheres no elevador.
O que me irrita nessas situações é a falsidade das pessoas consigo mesmo e para com todos a sua volta. A moça me conhece. Seu nome é Amanda e trabalha no almoxarifado da empresa. Diariamente lhe entrego correspondências e ela sempre confere envelope por envelope antes de me entregar o aviso de recebimento assinado. Semana passada chegamos a conversar sobre uma música que estava tocando no seu rádio. Mas tudo muda dentro de um elevador. Somos apenas estranhos esperando a porta abrir para voltamos para nossos serviços medíocres e mal-remunerados.  
O elevador pára no terceiro andar antes de chegarmos no térreo. Uma ruiva alta entra lendo um documento que parece ser importante. Talvez não conheça Amanda, mas tenho certeza que ela me conhece. Seu nome é Júlia e é a nova advogada da empresa. Também já entreguei correspondência pra ela e ontem a ajudei na máquina do café. Júlia tem sorte. Realmente tem muita sorte porque hoje vou matar somente Amanda.
Mas amanhã quem sabe te faça uma visita, vadia.


Escrito por Márcio Chacon (23/06/2016)